quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O que é Missões???


Essa pergunta é um excelente começo para o nosso trabalho. Segundo o Pr. Edson Queiroz, Missões é “levar a mensagem do Evangelho atravessando uma barreira cultural”[1]. Existem outros que definem de forma mais etimológica, tal qual o Guia Prático de Missões organizado pela EMAD, onde lemos “a palavra missões vem do latim mito, que significa enviar”[2]. Já para O teólogo Justo L. Gonzales, missões é “a atividade de Deus no mundo”[3].
Uma ideia acertada do tema definirá todo o trabalho e envolvimento que você terá com a Obra Missionária. Hoje em dia muito tem se falado e feito em nome de Missões aqui no Brasil: Congressos, Conferências, Encontros e Simpósios; mas em contrapartida temos encontrado um país cada vez mais pluralista, ecumênico, idólatra e promíscuo. E nas Igrejas o sentimento de egoísmo e egocentrismo tem crescido cada vez mais. O homem está cada vez mais buscando seus prazeres, sua luxúria e seus desejos. O que está havendo? Para onde está indo o resultado destes ditos “encontros missionários”? Segundo o reverendo Augustus Nicodemus “a situação está crítica”[4].


Temos que resgatar urgentemente o verdadeiro sentido do que a Obra Missionária representa. Isso com certeza trará o avivamento que ansiamos.
Todos nós cristãos conhecemos bem o texto que se encontra no Evangelho segundo João 3.16: “Por que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. O próprio Deus foi o primeiro a realizar este trabalho quando enviou o Seu Filho para salvar a raça humana da condenação eterna, e não apenas neste momento, mas desde o princípio Deus enviou seus profetas para trazer o homem ao arrependimento (vide Jr 1.17). O Senhor Jesus também deu prosseguimento ao trabalho missionário. Lemos no texto do Evangelho segundo Mateus 4.17 “desde entäo começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” e quando disse aos discípulos no mesmo Evangelho  28.19,20 “Portanto ide, fazei discípulos de todas as naçöes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” e ainda não nos falha a memória ao citarmos o Evangelho segundo Marcos 16.15 “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”.
Os apóstolos também entendiam que a Obra Missionária era algo que eles deviam praticar. Paulo em 1Co 9.16 afirma “ai de mim se não anunciar o Evangelho”, e Pedro em sua primeira carta capítulo 2 e verso 9 também diz que fomos chamados para “anunciar as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
A Igreja de hoje também precisa ter este mesmo entendimento, reconhecendo que deve dar prosseguimento ao trabalho missionário a semelhança da Igreja encontrada no Livros dos Atos 2.47 onde lemos: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”.
Somos todos conclamados a participar da Obra Missionária tendo exemplos no próprio Deus, em Jesus nosso Senhor, nos seus apóstolos e na Igreja Primitiva.
Entendemos que esta Obra é uma ordenança divina. No texto de Mt 4.19 Jesus afirma que fará dos seus discípulos “pescadores de homens”. Se assim acreditamos, por que ainda não vivemos de acordo?
Temos na Bíblia Sagrada inúmeras ordenanças e a quebra ou não observância de algumas delas incorrem em disciplina, afastamento ou até mesmo exclusão de acordo com a ordem administrativa de cada Igreja. Mas eu pergunto: Você já viu alguém ser disciplinado por que não fez Missões? Já viu algum pastor ser afastado da direção da Igreja por que não amou a obra missionária? Se é ordem, encaremos como tal.
E que ordem é esta? Mais uma vez afirmamos que é a ordem de se pregar o Evangelho, as Boas Novas, o ápice da revelação redentora de Deus para todas as criaturas. É apenas através do trabalho missionário que o desígnio de Deus, o propósito eterno de salvação se cumprirá. Não cremos que alguém terá salvação por ser um bom homem, pagador, cumpridor de suas obrigações ou por ser um bom marido, pai e cidadão. Todo aquele que for salvo, só o será através da pregação do Evangelho. É na pregação que o Agente Salvador entra em ação e salva o pecador do lago de fogo e enxofre.
Temos no mundo segundo a ONU 192 países, cerca de 6800 línguas e dezenas de milhares de dialetos. Ultrapassamos recentemente o número de 7 bilhões de habitantes no planeta e de acordo com a SEPAL[5] apenas 1/3 desta população é cristã (entenda-se católicos, espíritas e todos que acreditem e sigam de alguma forma a Jesus Cristo), outro 1/3 é evangelizado e o outro 1/3 ainda é não-evangelizado.
Isso significa que após mais de 2 mil anos ainda continuamos sem cumprir com a Ordem de Cristo. Isso é realmente preocupante.
Segundo Justo L. Gonzales, a Obra Missionária Mundial deve se basear no fato de sermos usados por Deus para descobrir ou revelar Jesus Cristo nas culturas. Ele afirma que “não há lugar para o qual seja necessário que o crente o leve (Jesus Cristo). O Senhor que era no princípio com Deus, por quem todas as coisas foram feitas, e que é a luz que ilumina todo ser, já está lá”[6].
Fala-se que em alguns anos muitos dos países que se dizem cristãos se tornarão muçulmanos e que o dito avivamento europeu que irrompeu com a Reforma Protestante ficou completamente na história. Precisamos retornar urgentemente para a obediência ao Ide de Cristo, pois só assim caminharemos seguros no cumprimento da vontade de Deus.
E como retornaremos? Sendo inflamados pelo amor de Deus e por Sua Vontade (“Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” – 1Tm 2.4). O Pr. Temóteo Ramos de Oliveira diz que “desculpa alguma poderá isentar a Igreja de seu compromisso missionário, nem mesmo a frieza espiritual”[7]. É nosso dever propagar o plano de Deus.
Antes do final deste primeiro capítulo, eu gostaria de convidá-lo a uma reflexão. Se depois de tudo isso fomos convencidos de que é da vontade de Deus priorizarmos  o trabalho missionário, o que faremos? Continuaremos investindo os nossos recursos em melhorar o sistema sonoro dos nossos templos? Ou comprando carrões importados? Ou fazendo viagens de férias? Não estou afirmando que você não deve gozar destas benéfices e de tantas outras, mas quando isso se torna uma barreira para um maior investimento nosso em missões, estamos pecando contra Deus, com certeza absoluta.
Se quando somos desafiados a abraçar a Causa Missionária ofertando nosso tempo, recurso ou oração damos justificativas para negar estamos realmente agradando ao Senhor? Você pode me dizer que é um bom cristão, que ajuda na Igreja, que socorre os irmãos em suas dificuldades. Sim querido, tudo isso é louvável, mas se você não tem amor em seu coração pelos perdidos e não está disposto a morrer pelo que Cristo morreu, tenho que te dizer que Gálatas 2.20 não pode ser aplicado em sua vida.
Quantos aparelhos eletrônicos temos? Quantos deles são totalmente supérfluos? Quanto temos gasto em refeições fora de casa em fast-foods ou restaurantes? Quanto temos investido em acomodações melhores para os crentes na Igreja, tais como cadeiras acolchoadas e sistema de refrigeração? E quantas vezes estes compromissos nos impediram de ajudar mais no crescimento e propagação do Evangelho em todo o mundo? Se a resposta for positiva, estamos em pecado.
Mark Driscoll, um pastor norte-americano famoso por sua maneira clara e direta de entender e ensinar a Palavra de Deus afirma que o entendimento da Missão é que “transformará os nossos corações para amar o que Ele ama, odiar o que Ele odeia e para buscar um relacionamento com as pessoas perdidas na esperança de estabelecer uma conexão com elas, para em seguida conectá-las com Ele”.
Finalizo escrevendo o que João, o discípulo amado escreveu sobre como deve ser o nosso cristianismo. Para João ser cristão era ser como Cristo. Fazer o que Ele faria, investir no que Ele investiria, amar o que Ele amaria e morrer pelo que Ele morreria. O texto se encontra na sua primeira cara universal no capítulo 2 e verso 6: “Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou”.




[1] QUEIROZ, Edson. ADMINISTRAR MISSOES, TAREFADA IGREJA LOCAL. Edt. Vida Nova, São Paulo, 1998. Pg, 15
[2] GUIA PRATICO DE MISSÕES, EMAD. CPAD, Rio de Janeiro. 2005. Pg, 13.
[3] GONZALES, Justo L. HISTORIA DO MOVIMENTO MISSIONARIO. Edt. Hagnos, São Paulo, 2008. Pg. 23
[4] LOPES, Augustus Nicodemus. O QUE ESTÃO FAZENDO COM A IGREJA? Editora Mundo Cristão, São Paulo, 2008. Pg. 23.
[5] WWW.sepal.org.br
[6] LOPES, Augustus Nicodemus. O QUE ESTÃO FAZENDO COM A IGREJA? Editora Mundo Cristão, São Paulo, 2008. Pg, 20.
[7] OLIVEIRA, Temoteo Ramos de. COMO SER UM MISSIONARIO. CPAD, Rio de Janeiro, 2006. Pg, 20.

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