Essa
pergunta é um excelente começo para o nosso trabalho. Segundo o Pr. Edson
Queiroz, Missões é “levar a mensagem do
Evangelho atravessando uma barreira cultural”[1]. Existem outros que
definem de forma mais etimológica, tal qual o Guia Prático de Missões
organizado pela EMAD, onde lemos “a
palavra missões vem do latim mito, que significa enviar”[2]. Já para O teólogo Justo L.
Gonzales, missões é “a atividade de Deus no mundo”[3].
Uma ideia acertada do tema
definirá todo o trabalho e envolvimento que você terá com a Obra Missionária.
Hoje em dia muito tem se falado e feito em nome de Missões aqui no Brasil:
Congressos, Conferências, Encontros e Simpósios; mas em contrapartida temos
encontrado um país cada vez mais pluralista, ecumênico, idólatra e promíscuo. E
nas Igrejas o sentimento de egoísmo e egocentrismo tem crescido cada vez mais.
O homem está cada vez mais buscando seus prazeres, sua luxúria e seus desejos.
O que está havendo? Para onde está indo o resultado destes ditos “encontros
missionários”? Segundo o reverendo Augustus Nicodemus “a situação está crítica”[4].
Temos que resgatar
urgentemente o verdadeiro sentido do que a Obra Missionária representa. Isso
com certeza trará o avivamento que ansiamos.
Todos nós cristãos
conhecemos bem o texto que se encontra no Evangelho segundo João 3.16: “Por que Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crer não pereça,
mas tenha a vida eterna”. O próprio Deus foi o primeiro a realizar este
trabalho quando enviou o Seu Filho para salvar a raça humana da condenação
eterna, e não apenas neste momento, mas desde o princípio Deus enviou seus
profetas para trazer o homem ao arrependimento (vide Jr 1.17). O Senhor Jesus também
deu prosseguimento ao trabalho missionário. Lemos no texto do Evangelho segundo
Mateus 4.17 “desde entäo começou Jesus a
pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” e quando
disse aos discípulos no mesmo Evangelho 28.19,20 “Portanto
ide, fazei discípulos de todas as naçöes, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos. Amém” e ainda não nos falha a memória ao citarmos o Evangelho
segundo Marcos 16.15 “E disse-lhes: Ide
por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”.
Os apóstolos também
entendiam que a Obra Missionária era algo que eles deviam praticar. Paulo em
1Co 9.16 afirma “ai de mim se não
anunciar o Evangelho”, e Pedro em sua primeira carta capítulo 2 e verso 9 também
diz que fomos chamados para “anunciar as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
A Igreja de hoje também
precisa ter este mesmo entendimento, reconhecendo que deve dar prosseguimento
ao trabalho missionário a semelhança da Igreja encontrada no Livros dos Atos
2.47 onde lemos: “E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”.
Somos todos conclamados a
participar da Obra Missionária tendo exemplos no próprio Deus, em Jesus nosso
Senhor, nos seus apóstolos e na Igreja Primitiva.
Entendemos que esta Obra é
uma ordenança divina. No texto de Mt 4.19 Jesus afirma que fará dos seus
discípulos “pescadores de homens”. Se assim acreditamos, por que ainda não
vivemos de acordo?
Temos na Bíblia Sagrada
inúmeras ordenanças e a quebra ou não observância de algumas delas incorrem em
disciplina, afastamento ou até mesmo exclusão de acordo com a ordem
administrativa de cada Igreja. Mas eu pergunto: Você já viu alguém ser
disciplinado por que não fez Missões? Já viu algum pastor ser afastado da
direção da Igreja por que não amou a obra missionária? Se é ordem, encaremos
como tal.
E que ordem é esta? Mais uma
vez afirmamos que é a ordem de se pregar o Evangelho, as Boas Novas, o ápice da
revelação redentora de Deus para todas as criaturas. É apenas através do
trabalho missionário que o desígnio de Deus, o propósito eterno de salvação se
cumprirá. Não cremos que alguém terá salvação por ser um bom homem, pagador,
cumpridor de suas obrigações ou por ser um bom marido, pai e cidadão. Todo
aquele que for salvo, só o será através da pregação do Evangelho. É na pregação
que o Agente Salvador entra em ação e salva o pecador do lago de fogo e
enxofre.
Temos no mundo segundo a ONU
192 países, cerca de 6800 línguas e dezenas de milhares de dialetos.
Ultrapassamos recentemente o número de 7 bilhões de habitantes no planeta e de
acordo com a SEPAL[5]
apenas 1/3 desta população é cristã (entenda-se católicos, espíritas e todos
que acreditem e sigam de alguma forma a Jesus Cristo), outro 1/3 é evangelizado
e o outro 1/3 ainda é não-evangelizado.
Isso significa que após mais
de 2 mil anos ainda continuamos sem cumprir com a Ordem de Cristo. Isso é
realmente preocupante.
Segundo Justo L. Gonzales, a
Obra Missionária Mundial deve se basear no fato de sermos usados por Deus para
descobrir ou revelar Jesus Cristo nas culturas. Ele afirma que “não há lugar para o qual seja necessário
que o crente o leve (Jesus Cristo). O Senhor que era no princípio com Deus, por
quem todas as coisas foram feitas, e que é a luz que ilumina todo ser, já está
lá”[6].
Fala-se que em alguns anos
muitos dos países que se dizem cristãos se tornarão muçulmanos e que o dito
avivamento europeu que irrompeu com a Reforma Protestante ficou completamente
na história. Precisamos retornar urgentemente para a obediência ao Ide de
Cristo, pois só assim caminharemos seguros no cumprimento da vontade de Deus.
E como retornaremos? Sendo
inflamados pelo amor de Deus e por Sua Vontade (“Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da
verdade” – 1Tm 2.4). O Pr. Temóteo Ramos de Oliveira diz que “desculpa alguma poderá isentar a Igreja de
seu compromisso missionário, nem mesmo a frieza espiritual”[7]. É nosso dever propagar o
plano de Deus.
Antes do final deste
primeiro capítulo, eu gostaria de convidá-lo a uma reflexão. Se depois de tudo
isso fomos convencidos de que é da vontade de Deus priorizarmos o trabalho missionário, o que faremos?
Continuaremos investindo os nossos recursos em melhorar o sistema sonoro dos
nossos templos? Ou comprando carrões importados? Ou fazendo viagens de férias?
Não estou afirmando que você não deve gozar destas benéfices e de tantas outras,
mas quando isso se torna uma barreira para um maior investimento nosso em
missões, estamos pecando contra Deus, com certeza absoluta.
Se quando somos desafiados a
abraçar a Causa Missionária ofertando nosso tempo, recurso ou oração damos
justificativas para negar estamos realmente agradando ao Senhor? Você pode me
dizer que é um bom cristão, que ajuda na Igreja, que socorre os irmãos em suas
dificuldades. Sim querido, tudo isso é louvável, mas se você não tem amor em
seu coração pelos perdidos e não está disposto a morrer pelo que Cristo morreu,
tenho que te dizer que Gálatas 2.20 não pode ser aplicado em sua vida.
Quantos aparelhos
eletrônicos temos? Quantos deles são totalmente supérfluos? Quanto temos gasto
em refeições fora de casa em fast-foods ou restaurantes? Quanto temos investido
em acomodações melhores para os crentes na Igreja, tais como cadeiras
acolchoadas e sistema de refrigeração? E quantas vezes estes compromissos nos
impediram de ajudar mais no crescimento e propagação do Evangelho em todo o
mundo? Se a resposta for positiva, estamos em pecado.
Mark Driscoll, um pastor
norte-americano famoso por sua maneira clara e direta de entender e ensinar a
Palavra de Deus afirma que o entendimento da Missão é que “transformará os
nossos corações para amar o que Ele ama, odiar o que Ele odeia e para buscar um
relacionamento com as pessoas perdidas na esperança de estabelecer uma conexão
com elas, para em seguida conectá-las com Ele”.
Finalizo escrevendo o que
João, o discípulo amado escreveu sobre como deve ser o nosso cristianismo. Para
João ser cristão era ser como Cristo. Fazer o que Ele faria, investir no que
Ele investiria, amar o que Ele amaria e morrer pelo que Ele morreria. O texto
se encontra na sua primeira cara universal no capítulo 2 e verso 6: “Aquele que diz que está nele, também deve
andar como ele andou”.
[1]
QUEIROZ, Edson. ADMINISTRAR MISSOES, TAREFADA IGREJA LOCAL. Edt. Vida Nova,
São Paulo, 1998. Pg, 15
[2] GUIA
PRATICO DE MISSÕES, EMAD. CPAD, Rio de Janeiro. 2005. Pg, 13.
[3]
GONZALES, Justo L. HISTORIA DO MOVIMENTO MISSIONARIO. Edt. Hagnos, São Paulo,
2008. Pg. 23
[4]
LOPES, Augustus Nicodemus. O QUE ESTÃO FAZENDO COM A IGREJA? Editora Mundo
Cristão, São Paulo, 2008. Pg. 23.
[5] WWW.sepal.org.br
[6] LOPES,
Augustus Nicodemus. O QUE ESTÃO FAZENDO COM A IGREJA? Editora Mundo Cristão,
São Paulo, 2008. Pg, 20.
[7]
OLIVEIRA, Temoteo Ramos de. COMO SER UM MISSIONARIO. CPAD, Rio de Janeiro,
2006. Pg, 20.
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